Olho no espelho. Meus traços estão desfocados, a solidão que me cerca tirou minha identidade. Não sei quem está do outro lado, repetindo meus movimentos, seguindo meus olhares. Não gosto do vazio que reconheço por trás da face que me observa. É um vão incompleto. Sei a origem, mas não sei como me despedir dele. Há algo perdido ali, mas não identifico. Ou identifico e me perco na impotência da informação. Sinto-me acorrentada cada vez que busco um novo atalho. Não há começo, mas há fim. Ora me faz bem ser só, ora me sufoca. A possibilidade de me conformar com isso não me faz sorrir. Minha memória vive de lembranças infundadas alimentando o desconhecido do outro lado do vidro. A minha alma está sem encaixe, desposicionada dentro do corpo que carrego e, por incrível que pareça, isso não me pesa, pois não sinto. Onde está o eu que habita meu corpo e que idealizo cada vez que penso em mim? Busco, reflito, tento encontrar. Estendo minhas mãos a as vejo estendidas a mim, mas não consigo tocá-las. Concluo: estou partida.
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3 comentários:
Voce vai esquecer. Querendo ou nao. Aproveite a solidao para se reencontrar. Nao tem nada melhor do que ser voce mesmo. Encontre o "voce mesmo", redescrubra-o...e ao mesmo tempo reencontre a felicidade.
Beijo.
sem comentários.
quero te ler.
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