
Não sei exatamente quando se deu, mas eu havia me perdido novamente. Sem que eu percebesse, um velho ciclo destrutivo voltava a se fazer presente. Eu não sabia o que era certo, mas tinha plena certeza do que não era. E ainda assim me via "errando" constantemente. Até que sábado alcancei todos os meus limites de cansaço, adotando visivelmente uma postura totalmente contrária aos meus verdadeiros conceitos e anseios, que quando expostos, refletem incompreensivelmente a contramão dos meus desejos. Sozinha por algumas horas, pensei. Muito. Lembrei-me de um texto que eu mesma escrevi há tempos atrás e senti vontade de reler. Reli cada palavra que havia sido abandonada com o correr dos dias. Os sentidos de cada uma estavam cobertos de pó. Passei a flanela com cuidado, em todas as letras, todos os parágrafos. Foi lento, propositalmente, para que nenhuma linha se apagasse. Ao final, lá estava eu, mais uma vez. Clara, limpa e a minha espera.
LACRIMA
"Escorreram invisivelmente. Um choro mudo, silencioso, interno, sentido. Molhavam meu coração, salgavam minha corrente sanguínea e deixavam seca minha epiderme facial. Enquanto meus olhos permaneciam fechados ou vidrados no teto que se dispunha acima de mim, eu me via espectadora de um cinema onde a película transmitida era minha própria vida. Algumas vezes tive vontade de apertar o pause e reviver determinadas coisas, outras acelerava a imagem para que tudo fosse menor, mas o mais interessante desse filme (velho conhecido) que a mim se apresentava, era que ao revivê-lo eu encontrei alternativas para colar os pedaços hoje espalhados por todo meu ser. Alternativas que até então minhas retinas embaçadas desconsideravam ou simplesmente não viam. Alternativas que não carregam certezas e sim possibilidades, caminhos.
Chorei o meu passado, o meu futuro que não se constrói pelo meu presente aprisionado. O meu cotidiano de cabeça pra baixo, com “não sei” (s) vazando pelos meus poros. Chorei um eu que transborda de incertezas, vontades, saudades, confusões e tudo o que condeno sentir.
Chorei as dores que causei e causo, as dores que senti e que sinto, a minha imperfeição, o meu radicalismo, o chicote que está sempre a espera das minhas mãos e que me aponta e me condena com uma severidade que eu renego, mas não consigo abandonar.
Chorei os meus fantasmas, os meus medos, a minha covardia, as fugas que me fazem enganosamente crer que são as melhores soluções e que eu finjo acreditar só para me sentir um pouco mais confortável diante de tudo aquilo que me incomoda. Chorei os meus defeitos e deficiências, revi minhas qualidades ou pelo menos tentei reencontrá-las perdidas em toda a ausência de fé que venho sentindo.
Chorei, chorei, chorei e até ri sozinha em alguns momentos. Foi um choro sem julgamentos, sem distinção de certo ou errado, choro de libertação. Precisava me libertar de mim. É difícil olhar no espelho e perceber que um estranho lhe convida a sorrir.
Bebi do meu próprio sal para assim tentar descobrir o que tanto me prende nas dores que sinto. Estar diante de um eu que eu tanto adiei conhecer (achando que conhecia) ou até mesmo lutei para não precisar enxergar me fez um mal estranhamente bom. As lágrimas que produzi não molharam meu rosto, mas lavaram minha alma. Meu interior precisava, agora percebo o quanto precisava! E um silêncio indeterminado se estabeleceu."
Chorei o meu passado, o meu futuro que não se constrói pelo meu presente aprisionado. O meu cotidiano de cabeça pra baixo, com “não sei” (s) vazando pelos meus poros. Chorei um eu que transborda de incertezas, vontades, saudades, confusões e tudo o que condeno sentir.
Chorei as dores que causei e causo, as dores que senti e que sinto, a minha imperfeição, o meu radicalismo, o chicote que está sempre a espera das minhas mãos e que me aponta e me condena com uma severidade que eu renego, mas não consigo abandonar.
Chorei os meus fantasmas, os meus medos, a minha covardia, as fugas que me fazem enganosamente crer que são as melhores soluções e que eu finjo acreditar só para me sentir um pouco mais confortável diante de tudo aquilo que me incomoda. Chorei os meus defeitos e deficiências, revi minhas qualidades ou pelo menos tentei reencontrá-las perdidas em toda a ausência de fé que venho sentindo.
Chorei, chorei, chorei e até ri sozinha em alguns momentos. Foi um choro sem julgamentos, sem distinção de certo ou errado, choro de libertação. Precisava me libertar de mim. É difícil olhar no espelho e perceber que um estranho lhe convida a sorrir.
Bebi do meu próprio sal para assim tentar descobrir o que tanto me prende nas dores que sinto. Estar diante de um eu que eu tanto adiei conhecer (achando que conhecia) ou até mesmo lutei para não precisar enxergar me fez um mal estranhamente bom. As lágrimas que produzi não molharam meu rosto, mas lavaram minha alma. Meu interior precisava, agora percebo o quanto precisava! E um silêncio indeterminado se estabeleceu."
Volto a ser apenas soldado! =)

2 comentários:
Ai Tha... Eu te leio para me ler, sabia? rs
Vc sabia que vc é uma pessoa maravilhosa e mto especial, né?
Se vc se conhecesse melhor e visse o quão maravilhosa vc é, algumas coisas seriam mais fáceis.
E assim que eu voltar, quero te ver e te abraçar tanto, mas tanto.
SAUDADE gigante!
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