Nem as lembranças e nem nada do que vem inserido em cada uma delas morreram. Ainda. Estão todas aqui. Até quando eu não sei. Já disse adeus várias vezes, mas se recusam a partir. Rodeiam a mente, roubam meu sono e minha paz. Pode ser que a demora na partida esteja diretamente ligada ao fato de saberem a irreversibilidade do dia em que se despedirem. A eternidade de algo, alguma coisa, qualquer coisa, é um pouco assustador.
Não vou abrir mão da minha transparência escancarada para não assustar. Me assusta o fosco, o indefinido, o embaçado. Eu prefiro o brilho, a cristalidade ainda que ela traga consigo dores e insatisfações. Ainda que, temporariamente, ela consiga esconder minhas cores, tomada pelo cinza das lágrimas que eu tenha vontade de derramar.
Nada é permanente. Nem ninguém.
Eu sou de verdade.
Vou derramar minhas lágrimas. Todas que ainda restam. Vou chorar quantas vezes ainda for preciso, mas vou lavar minha alma. Vou escrever a mesma coisa quantas vezes eu achar necessário até o dia em que eu acorde e veja que não tenho mais vontade de dizer absolutamente nada. Até o dia em que eu acorde e veja que internamente o assunto está definitivamente encerrado.
Vou cicatrizar minhas feridas, não importa quantos dias eu tenha que passar fazendo os curativos.
Meus dias terão tons claros. E a saudade que eu sinto hoje vai acabar.
É só uma questão de tempo. Tempo.

Nenhum comentário:
Postar um comentário